Artigo de especialista –
Profª de Nutrição – UFTM –
A obesidade é uma doença multifatorial e não é culpa do obeso.
A obesidade é uma doença reconhecida pela Organização Mundial de Saúde. Trata-se de uma epidemia mundial que atinge todos os grupos sociais e de diferentes estratos socioeconômicos. De origem multifatorial, esta doença exige tratamento que contemple todos os aspectos que influenciam no seu desenvolvimento.
Obesidade e ambiente
O ambiente obesogênico é aquele que favorece o desenvolvimento da obesidade. São ambientes que induzem à adoção de comportamentos alimentares e de um estilo de vida inadequados.
A obesidade é resultado de um consumo energético excessivo e consumo deficiente de nutrientes importantes para a manutenção de um bom estado nutricional (vitaminas e minerais), além de um gasto energético deficiente, determinado pelo sedentarismo.
Fatores para a obesidade
Importante refletir sobre alguns aspectos que favorecem o desenvolvimento de práticas alimentares e de um estilo de vida inadequados, que podem resultar em obesidade:
– Ausência de Programas de Prevenção à obesidade que foquem no ambiente obesogênico (e não somente centrado no indivíduo como o promotor da doença).
– A publicidade massiva (em todas as mídias) dos alimentos ultraprocessados como saborosos, saudáveis, fáceis de preparar ou consumir. Tais divulgações também induzem a uma falsa sensação de alcance de um status social privilegiado.
– Disponibilidade ampla de alimentos ultraprocessados. Uma incrível facilidade de acesso em diversos estabelecimentos (supermercados, lanchonetes, bares, restaurantes e até em farmácias) com preços acessíveis a todos os públicos.
– Sedentarismo ocasionado pela modernidade e uso frequente de eletroeletrônicos (elevadores, controles remotos, televisores, computadores, tablets, smartphones).
Obesidade de tempo de tela
– A não administração adequada do tempo: a maioria das pessoas tem tempo para ficar frente a uma tela, seja de computador, celular ou TV, mas relata não ter tempo para preparar sua própria refeição ou manter-se mais ativo, por exemplo.
– A falta de estrutura ambiental que favoreça a prática de atividades físicas ao ar livre também é um fator facilitador do sedentarismo (e consequentemente da obesidade), assim como a violência urbana que impede as pessoas de circularem livremente nos espaços públicos.
– Divulgação inadequada de dietas da moda e alimentos milagrosos que fazem emagrecer. A busca pelo milagre de recuperar a saúde sem modificar o estilo de vida tem sido reforçada por depoimentos falsos de famosos e pessoas que se intitulam especialistas na área de alimentação. Tais comportamentos colocam em risco a vida de pessoas que necessitam de um tratamento complexo e não tratam a obesidade.
O que eu posso fazer para superar a obesidade?
– Procure ajuda especializada. Busque acompanhamento de uma equipe multidisciplinar. Um profissional especializado saberá encaminhá-lo para profissionais que atuarão em conjunto no tratamento (educador físico, médico, nutricionista, psicólogo). Um programa de gerenciamento da obesidade de boa qualidade oferecerá essa composição de profissionais.
– Não foque no peso e nem busque reduzir em poucas semanas o que você levou meses aumentando (o peso). Esse posicionamento de imediatismo no tratamento só trará mais estresse, ansiedade, não educará e, portanto, não trará resultados permanentes. Quanto mais o indivíduo é submetido a falsos tratamentos mais desmotivado e doente tende a ficar.
– Diversos suplementos que prometem redução de peso são falsos e prejudiciais à saúde, com danos muitas vezes irreversíveis. Apenas utilize suplementos (medicamentosos ou alimentares) que forem prescritos exclusivamente para você por profissionais especializados. Tenha certeza que essa prescrição só ocorrerá em casos de extrema necessidade (carências nutricionais detectadas).
– O êxito no tratamento da obesidade depende de vários fatores para ser alcançado. O indivíduo precisa se manter motivado para melhorar a qualidade de suas escolhas alimentares. Precisa se manter ativo e alcançar um manejo adequado do estresse e da ansiedade. A redução do peso progressiva e mantida em longo prazo é consequência desses fatores. De nada adianta reduzir peso se o processo de educação nutricional e melhoria do estilo de vida não ocorrerem.
Qualidade de vida
Não sinta vergonha ou culpa pela obesidade. Como toda doença, para ser devidamente tratada, a melhor atitude é procurar boas informações sobre o assunto, compreender o que é e quais os fatores determinantes.
Estabeleça metas para curto, médio e longo prazos. Não foque no peso, foque na melhoria de sua qualidade de vida. Busque sentir-se bem, respirar bem, relacionar-se bem com os alimentos e com as pessoas. Faça atividades físicas prazerosas e de preferência na companhia de pessoas que façam você sentir-se bem. Desenvolva um comportamento de cuidado de si mesmo. Esta dedicação diária trará resultados sustentáveis no tratamento da obesidade.
Lembre-se que a mudança de apenas um hábito pode transformar toda uma vida, então comece com uma pequena mudança e persista. Comece hoje! Daqui a um ano você comemorará seus êxitos por ter tomado uma atitude em tempo oportuno.
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